Masquerade

Por Keynes Aynaud

Os arranhas-céus estão rasgando os ceús,

As luzes estão queimando as nuvens,

Graças ao poderio da tecnologia;

Mas o festival está traumatizando as estrelas.

 

Cidade, cidade…

De tanto pregar cores

Acabou pegando aborrecimento.

 

Essa festa ambulante,

Essa masquerade,

É mais falsificada do que os discursos de políticos.

 

Isso não é uma festa,

É uma reunião de sonâmbulos

Que chamam de “festa”.

 

Pobres cores… Pobres carros…

São obrigados a perder tempo ouvindo esses sacos de ingredientes.

(Aliás, cadê a Ferrari e o seu vermelho?)

Usaram vocês como se fossem drogas.

Principalmente as pasteis.

Agora, estão aí,

como um relógio hipnotizador,

Clamando:

“Vocês estão bem.

Nada vai dar de errado.

Apenas deixe Ele resolver o que for de ruim.”

 

Sinto pena das verdadeiras masquerades.

De expressar o que gostariam de ser,

viraram os desejos dos outros;

O Progresso,

Honra,

Virtude,

E outras qualidades,

foram jogados no moedor de carne,

Em troca de seguranças.

 

Enquanto essa neoescravidão continua,

Enquanto eu escrevo isso,

Mais baboceiras são produzidas.

Pobre TV…

 

Como eu sempre digo:

Coisas boas sempre vêm com oportunidade de maldades.

Como, por exemplo,

Sentimentos.

Luzes

Por Keynes Aynaud

As calçadas estão silenciosas;

As empresas estão matutando e contando carneiros;

Os trabalhadores estão contando carneirinhos;

O céu se fecha para deixar a escuridão reinar.

 

Andar sob essa chuva luar,

Abraçar o ar frio,

E esquecer um pouco da civilização,

Como eu desejo isso!

“Ideias boas só veem na escuridão”, diz os postes,

Não querendo funcionar,

Mas funcionam.

Pobre postes…

Existe algo pior do que ter uma luz

Apagando a sua escuridão?

Luz era sinônimo de ideias.

Era.

Com os garotos gritantes,

Com os carros indo para lá e para cá,

Com as bancas,

Com o telefone,

Com a internet,

Luz é apenas uma decoração.

Como uma prostituta, temo dizer; ela mostra o que quer, mas não que deveria.

Deveria no sentido de respeitar a verdade,

E não “mostrar” a fechadura.

Fechadura se tem de monte,

Graças aos garotos gritantes,

Com os carros indo para lá e para cá e

Blá Blá Blá…

As chaves?

Tem fábricas.

Coisas boas sempre é atraente para o seu reverso.

 

Interessante ver o casaco trocar de dono o tempo inteiro…

 

O que estou fazendo?

Quero falar da noite,

E não de portas.

Esqueça…

A noite abre a mente

– Até que demais, aliás –

Ao espectador.

 

A lua é bonita e radiante.

O que seria da lua sem o sol?

O que seria da lâmpada sem a falta de iluminação?

O que seria da sabedoria sem a ignorância?

Enfeites e mais enfeites para o piscar das últimas luzes do homem.

Nem ele é perfeito: sem luz, sem visão.

 

E aqui estou enrolando,

De novo.

 

Tudo bem.

Eu posso escrever e olhar para a lua o tempo inteiro.

Se eu e os meus pertences não forem injuriado fisicamente, claro.

Sem vida, sem sentido.

  

O frio,

Vocês sentem, postes?

A Solidão,

Vocês a conhecem?

Eu conheço.

Eu conheço…

Só o estudo e a noite me dão uma companhia;

É estranho estar me abrindo para objetos e materiais,

Mas eu sempre gostei deles.

É só olhar para o prazo de validade e pronto,

Sem desconfiança excessiva.

Aqui, eu, nesse banco,

Respirando e falando,

O tempo está parado,

Só para acariciar um pobre homem

Que ainda não achou alguma coisa que me torna feliz.
As luzes deveriam ser uma solução.

Deveriam.

Mas não são.

Estou perdido nesse mar de escuridão, e só andando eu vou encontrar a minha casa.

 

Estou sentimental hoje,

Isso é bom.

Ainda sou um homem com arrependimentos nas costas que insiste em andar.

Se morrer hoje, morro com orgulho.
 

Andarilhando nesse mar oculto,

Eu enxugo o meu suor,

Para o encontro de um novo amanhã.

 

Lá está o alto,

O sem pudor

Estrada, aterrorizando o café dá manhã.

 

Prato frio ou quente,

Café morto ou vivo,

Luzes ligadas ou não,

Não posso parar.

 

O medo frequente

Das ruas nunca corroerá o vivo

Desse corpo. Não,

Não posso parar…

Postes,

Ainda estão acesas?

Ah sim, estão ligadas no que escrevo

Ou ligadas ao que foram programadas?

Me pergunto se algum dia saberei.

Mas também me pergunto se vale a pena saber.

Resenha – O Estudo das Teclas Pretas

Por Baptiste Atuari

Tem certos livros que dá uma impressão de ser uma obra interessante, com um proposta bem heterodoxa – mas inteligente – para a construção de uma obra. É uma pena que a frase “não julge o livro pela capa” triunfa algumas vezes, ofuscando a ilusão. O Estudo das Teclas Pretas, do Luiz Paulo Faccioli, da editora Record, é um desses livros.

Sinopse

O Estudo das Teclas Pretas ocorre no Porto Alegre nos anos 70 e 80, narrando a história dos personagens de um trio amoroso entre o protagonista, Paulo Amaro – um pianista -, Laura – uma violinista -, e Kaufmann – maestro e professor dos ambos. Como de se esperar de um trio, os conflitos que os personagens passarão vão demonstrar os seus sentimentos e tentar alimentar o ego de alguma forma para se manterem de pé em suas carreiras.

Características

O livro se passa em 1ª pessoa e em 3ª pessoa em cada capítulo, ou seja, uma hora vemos o Amaro narrando a história, em outra, o escritor dá continuidade em outro capítulo.

Ele tem uma proposta de ser um romance musical, procurando se baseiam na “voz oculta”, de Robert Schumann; é uma tentativa de colocar os ares da música em um romance.

Indo mais profundo na “voz profunda”, a obra se baseia nessa ideia de fazer com que exista uma “vibração escondida” (SIC) em cada capítulo, com o objetivo de torná-los abstratos e que sirvam como mensageiros de uma mensagem.

Existe uma certa preocupação em descrever um personagem e o que ele sente, mas não de descrever o ambiente. Fala onde está, mas não o ambiente; uma clara influência do realismo.

Como o escritor tem conhecimento musical, ele o invoca para dar um ar mais real ao que um personagem está tocando. Por exemplo, ele não escreve que o Amaro vai tocar uma música qualquer, mas sim um do Chopin, por exemplo. Existe uma preocupação em detalhar o que o personagem está fazendo.

Críticas pessoais

Temo dizer que o escritor jogou fora o potencial que essa obra tinha de ser incrível. Existe muitas características muito positivas, mas para que ter elas se o uso delas não for adequado para a estrutura? Vou descrever alguns erros que eu percebi.

O livro faz descrições dos personagens que não tem relevância. Digo, gastar uma página descrevendo-o está ótimo, mas um capítulo? 

O livro não é grande, então eu não vi motivos de fazer mais capítulos que ligue o personagem de forma mais marcante. Dizer que o Amaro, por exemplo, tem n características da mãe não é suficiente; deve fazer que a mãe tenha uma imagem forte na história, mesmo ela estando morta, já que ela era a pessoa mais importante da família dele, juntamente com a vó Mimosa. 

Tem uma tentativa de dar um ar humano em um personagem, mas muitas vezes soa superficial, maquinário deve ser o termo mais apropriado. (O Aynaud, o líder do blog, até que gosta de materialização, mas ele não exagera) Se o livro não fosse curto, isso poderia ser facilmente resolvido – não tem nada de errado em um livro pequeno, mas tem ideias que só funciona quando é trabalhada em todas as pormenores possíveis.

Drama. Isso foi outra coisa que senti falta. Tudo bem que o Amaro é uma pessoa fria, e depressiva, então é compreensível ele ter uma visão gélida. Mas personagens como Vida? Ela cai e quase morre, e o que faz depois? Simplesmente diz que foi embora com os pais e saiu da escola depois que recebeu alta. Como o nome dela diz, ela representa a vida, e talvez por isso o autor tenha dado um fim drástico à ela na sua atuação como personagem; mas, só pelo fato dela representar a vida, seria mais compreensível se tivesse feito um capítulo em 3ªpessoa contando com mais detalhes ela e até mesmo filosofar um pouco. Infelizmente esse tiro foi jogado no lixo. Tem outras situações que poderia ter dado um ar mais dramático, mas aí eu já estaria indo longe demais.

Uso de adjetivos é comum para descrever certas coisas, mas partes como “calçada de brinquedo” é no mínimo… Forçado demais para a imaginação do leitor. “Calçada de plástico” soaria mais lógico.

O triângulo amoroso está OK, mas o Kaufmann… O autor meio que censura os sentimentos do Kaufmann. Isso eu realmente não consigo entender. Fica explícito que ele quer controle, então ele seria uma representação diabólica de um homem dominador ou algo do modelo? Existe uma aprofundação do histórico dele, mas não dos seus sentimentos. Só há a demonstração dos atos dele influenciado pelo amor de ele sente por Laura, mas nunca é expressado o que ele sente por ela e pela Roswitha (a atual mulher dela). Assim, é escondido peças cruciais para a compreensão da história de forma concreta.

Com esses problemas, a “voz oculta” dos capítulos seria uma forma de compensar os buracos existentes, de dar um ar de que é assim que ocorreu; é uma forma de fazer o leitor entender a história de forma concreta. Isso, devo dizer, foi o que me decepcionou de fato no livro. Rebaixar uma boa ideia para ela ser um “tapa-buraco”?

Conclusão

Infelizmente, esse livro do Faccioli não está na lista dos livros que eu recomendaria para alguém. É louvável a ideia de um romance musical – algo até que difícil de se achar normalmente – e de um voz oculta em cada capítulo, mas a execução e o andar da história deixou muito a desejar ao meu ver. Espero não ter sido crítico demais, mas as vezes sinceridade é mais do que necessário.

Link para a compra do livro.

Lentidão

Azure Day, de Yves Tanguy

Por Agnès Sato

Olho,

Imploro,

Rezo,

Grito,

Esperneio,

Mas nada acontece.

Um segundo perdido é um segundo perdido

perdido

perdido

perdido

perdido…

Mas onde?

No inferno?

No céu?

Na Terra?

Na Gaia?

Na carne?

Nos nervos?

Na mente?

Nos sentimentos?

Não há retorno.

A lentidão…

As pedras do meu coração

É nada se comparada com a temível lentidão.

 

Outro segundo passa.

e outro

e outro

e outro

e

outro…

A vida é de viver na lentidão?

Pelo visto, sim.

Pobres romancistas.

Se há lentidão, que se faça a rapidez.

Se ninguém faz,

Eu faço.

Que garantia existe se uma mão não é, na verdade, uma pedra?

Se existe, o meu coração quer os seus direitos que foram violados.

Mas é tão lento querer.

É mais fácil fazer. Só assim verei o tremor da minha cabeça desvair.

Molotov

Por August Sinclair

Companheiros! Vamos derrubar tudo! Abaixo a opressão!

Abaixo a opressão!

Mais um dia comum anuário para as grandes metrópoles do país; o chão está queimando, os bancos está dando mais emprego com as janelas quebradas, os policiais estão pedindo um abraço dos manifestantes. Que dia! Mais uma tentativa de criarmos um mundo mais justo e decente! 

Quem adora esses dias? 

Não, não eles. Me refiro aos jornalistas. Eles amam heróis. Não perdendo a oportunidade, uma jornalista vai conversar com o grupo Molotov.

– Olá, senhores. Vocês poderiam ceder um tempo para responder as minhas perguntas?

– Sim. O povo tem o dever de saber o que está acontecendo para não temerem; isso é revolução.

– OK, OK, eu sei. Quais são as suas reinvidicações.

– Fim da opressão.

– Fim da opressão?

– Sim.

– Então as latas e as janelas são bem opressivas, pelo visto. Se interessa em explicar?

– Como ousa ser sarcástica com nós.

– Mas vocês estão atacando propriedade pú–

– Propriedade é roubo.

– Não entendi, explique-se.

– Me explicar? Claro. A propriedade é roubo porque ela se origina na usurpação dos bens que os trabalhadores produziram e que eles receberam, em troca do suor e do cansaço, um valor ínfimo.

– … Sinceramente, não faz sentido.

– Como não?!

– Quando é que ocorre um roubo? E essa roupa? Você produziu? Será mesmo que houve roubo, na parte do salário? Não seria juros?

– Roubo é quando acontece uma apropriação forçada de um bem que era de outra pessoa. Eu não pr–

– Então deve existir a propriedade anteriormente para ocorrer o ato de roubar, certo?

– Er… Creio que sim, mas…

– Então esse argumento é uma falácia, por causa do uso de um adjetivo que precisa do tema que crítica para existir.

– É mesmo? O molotov resolve esse problema?

– Como?

– Destruir para construir, baby.

– (Não aguento mais ver esse palerma.) Tudo bem, obrigado pelo seu tempo, mas… O que dá para construir com toda essa destruição?

– Sabe… Também não sei.

Uau, ainda existe jornalistas raiz?

Confusão por todo lado, conversas sem sentido, mas o ar de heroísmo purifica o ar para um amanhã mais claro. Não é mesmo, Governador?

– Sim, sim. Como dizer: uma colher de sopa com doce sempre acalma a criança. Obrigado, molotovs! Obrigado! Com tanta destruição, dá para criar mais projetos para atender os cam- quero dizer, atender o povo e os manifestos. É uma relação de brigas e desejo. E eu atendo os desejos.

Bem, agora vamos esperar que mais expressões de “pensamentos críticos” – com a nossa marca, claro – dê mais manifestações para atender o povo. Sermos útil para lucrar, aí sim!

———-

Apresentação

Eu sou Sinclair, um dos novos escritores do Os Cavaleiros das Cinzas. Eu sou bem crítico e sarcástico, então vai ser bem comum eu lançar contos pequenos que vem de hora em hora para mim. Espero que gostem (do meu estilo, pois do que acredito eu acho difícil).

Liberdade de hoje

Por Keynes Aynaud e Agnès Sato

Liberdade.

Liberdade.

Liberdade…
De algo embrutecido,

Sisudo,

Insensível e amante do poder,

Como são as máquinas e suas peças

Pingando sangue,

Correndo loucuras eletrizantes,

Cuspindo fumaças de suas ventas,

Para dar luz à algo – mesmo que o custo unitário seja caro –

Virou um enfeite de discurso vazio

De coisas vazias

(Mas não vazias na questão física,

Mas metafísica.

São cheias de frases de efeitos,

Mas nada de virtude.

O vazio da metafísica não é ter ideias,

Mas sim achar que tem virtudes.

O vazio, na metafísica, nasce da contradição…)

Que precisam de uma cadeira de rodas 

E de um babá grande,

Forte,

Onipresente,

Mas finje de onisciente,

Para até mesmo ter alguém para sustentar os seus devaneios.
Pobre liberdade.

De gritos de glórias e amores,

Agora só recebe gritos romancistas de péssima qualidade;

Transformaram o romancismo em canto dos rolos!
Tristes tempos.

De liberdade de expressão,

A luta dos jovens é de permanecerem crianças,

Ingênuos;

Coisas ruins só há de vim deles.
Estão querendo colocar todos que não estão com eles em uma jaula,

Justamente o reverso do que deveriam fazer.

O discurso é a droga do século XXI.

Como dizem os médicos: “usem com precaução”.

 

Liberdade…

Não chores.

Tu está longe de alcance,

Assim como a verdade.

Podem ter queimado as estradas,

Mas alguém irá refazê-las;

Você pode estar queimada e substituída por fraqueza,

Mas,

No final das contas,

Sempre vai ter alguém que vai pegar as cinzas e abraça-las

Para que saiba que os que lhe jogaram gasolina e fósforos acesos,

Vão ver do que a vida se trata.
Vida bela…

Só vem de dor,

De cansaço;

Sem essas sensações,

Como saber o que é sentir?
Liberdade…
O caminho é escuro, mas a luz está me guiando;

Posso viver das cinzas dos meus atos,

Mas continuo só para sentir o calor do brilho.
Pode ser um horror dizer isso,
Mas,

Liberdade não vem com choros,

Mas com brigas.

Inverno

Por Agnès Sato

Folhas se familiarizando com as árvores,

Terra perdendo o seu toque selvagem para um mar branco.

Isso,

é inverno.

 

É como aquelas piadas da Rússia Reversa:

“Antes, você e tua pele chorava;

agora,

o céu é que chora!”

 

Vem e volta,

como um io-iô.

 

A ida para o sorriso;

eis o inverno!

 

O barbante puxa de volta,

e o receio bate nos olhos;

eis a primavera.

 

A batida no sorriso;

eis o verão…

 

Resistência e força para continuar,

e procura de um médico;

eis o outono.

 

Quando o inverno chegar,

Posso finalmente sentir um sentimento perto de liberdade no meu coração.

 

Quando o inverno acabar,

Só me resta ativar o ar-condicionado.

Não estou disposta em perder o que eu gosto.

 

Mas,

as coisas amadas,

são como pássaros:

elas morrem.

 

Ou compra outro pássaro,

ou a linha vermelha vai puxar.

 

Dica de merchandising

Por Keynes Aynaud

Quer fazer um merchandising chamativo e decente?

Eu ensino:

Faça a divulgação do que quer vender de forma eloquente

E inusitada. Franzino

Pode ser o tema referido à tu ou escolhido por tu,

Mas o que importa é dar a mensagem;

O doce da vitória já está garantido,

Enquanto tiver outros franzinos como tu,

Para lhe dar a massagem

e elogios bem polidos.

 

Tudo bem que, para funcionar,

Precisa estar em um lugar como um funeral

E ser famoso ao ponto de não ter ninguém mandar tu se danar

Na hora; deve ser um general

Que tem um exército pronto para lutar.

Assim, tua moral está mais do que segura.

 

Ahh, como é bom ver que a política entrando cada vez mais no marketing!

Fica mais fácil ver que forma eles tem.

Não a forma vendida, de um anjo!

Mas o que está atrás das bandeiras,

Atrás das cruzes,

Atrás das estrelas,

Atrás dos martelos e foices,

Atrás do humanismo,

Atrás dos pássaros,

Atrás de tudo

E debaixo do tapete.

 

Será que o tapete será queimado?

As vezes o tapete vira um subconsumo, sabe…

Despertador

Por Keynes Aynaud

Acordo, me alimento e fecho os olhos.

Deveria ser apenas isso, mas não é. Não consigo dormir.

Não que a minha vida seja dura ou algo do gênero; o futuro é o que está me pregando uma peça dentro de uma caixa, onde eu não consigo achar uma saída.

Isso me faz ter a conclusão de que o melhor despertador é a preocupação e o receio.

Tento fechar os olhos, mas não consigo; o despertador está tinindo e eu não acho alguma forma de pará-lo.

O que me resta? Escrever.

Mas e os amigos? Estão dormindo, como sempre.

Como descansar? Não há descanso, só retardamento do cansaço. Dormir é isso: retardar.

Bem que eu queria me olhar no espelho, arrumar o meu rosto. Mas eu estou lidando com letras.

Resenha – O Adultério

Por Baptiste Atuari

Hoje vou falar sobre O Adultério, livro escrito por Paulo Coelho, um escritor bem conhecido atualmente. E, com esse título, deixando estampado o que vai ser tratado, chamará olhos de várias pessoas. Eu fui uma delas.

Sinopse

A história é o relato que uma mulher chamada Linda, de 31 anos, dá para o leitor sobre os acontecimentos que a leva a cometer adultério.

A Linda tinha uma vida considerada “perfeita” na Suíça e tinha um marido e 2 filhos excelentes; todavia, por ser jornalista, ela entrevista um artista que a dá uma resposta que foi o estopim de tudo:

-Não tenho o menor interesse em ser feliz. Prefiro viver apaixonado, o que é um perigo, pois nunca sabemos o que vamos encontrar pela frente.

Com essa resposta, ela começa a questionar a vida e acaba percebendo que tem dois medos: o medo de mudar as coisas e de não mudar (é meio contraditório, mas deixa). Vendo essas pedras no seu caminho, ela procura alguma resposta. E acha um caminho: Jacob König.

Características

É em primeira pessoa, então é natural que o aprofundamento ocorra na personagem principal e uma detalhação dos outros personagens que a cara jornalista conhece; sendo assim, linha da história está intrínseco ao campo de visão e pensamento da Linda.
Mesmo se tratando em primeira pessoa, existe em algumas partes, trechos com elementos claros de auto-ajuda. Isso não atrapalha a leitura, já que essas partes estão diretamente ligadas ao o que a personagem sente, vê ou faz. Não é uma forma de “enrolar”, em outras palavras, mas sim demonstrar que o autor quer aconselhar para o leitor sobre algo utilizando a situação dá Linda como o intermediário da mensagem – valendo lembrar que quase todos desses conselhos não costumam ter algum tipo de fonte para fortificar a afirmação.

Existe um tipo de ciclo de acontecimentos que a Linda faz acontecer, dando um toque repetitivo, mas o autor procura dar uma modificação em cada estágio do ciclo, que no caso é:

  1. Linda se indagando, pensando e procurando uma solução
  2. Interferência exterior da personagem (o jornal que ela trabalha, por exemplo)
  3. Jacob
  4. Relação com o marido.

Só no final que ocorre um ciclo diferente.

Há um certo detalhamento no ambiente que a Linda está, ajudando a imaginar como é o local que ela se localiza.

Críticas pessoais

O livro, por se tratar de um tema polêmico (adultério), pode causar uma certa aversão ao livro para alguns leitores. Não que isso seja ruim ao meu ver, mas isso intensifica os erros que possa ter – já que os que não gostaram vão querer achar erros para validar a sua crítica. Mas, tirando isso, considero os ciclos um problema por tornar a leitura menos interessante; as partes de auto-ajuda ou afirmações soam muito como um “palpite”, mas isso é justificável diante ao estado que a Linda se encontra; e, por último, o início e o final foram bem fracos, dando uma impressão de que o livro usou a forma da curva de Laffer (como Aynaud diria) para colocar intensidade ou algum outro elemento para pegar a atenção do leitor.

Conclusão

Mesmo tendo alguns problema, o Adultério foi um bom livro que realmente trabalhou no que foi proposto e trouxe o outro lado que não é visto: o lado do adúltero(a).

Link para a compra do livro