Por August Sinclair

Companheiros! Vamos derrubar tudo! Abaixo a opressão!

Abaixo a opressão!

Mais um dia comum anuário para as grandes metrópoles do país; o chão está queimando, os bancos está dando mais emprego com as janelas quebradas, os policiais estão pedindo um abraço dos manifestantes. Que dia! Mais uma tentativa de criarmos um mundo mais justo e decente! 

Quem adora esses dias? 

Não, não eles. Me refiro aos jornalistas. Eles amam heróis. Não perdendo a oportunidade, uma jornalista vai conversar com o grupo Molotov.

– Olá, senhores. Vocês poderiam ceder um tempo para responder as minhas perguntas?

– Sim. O povo tem o dever de saber o que está acontecendo para não temerem; isso é revolução.

– OK, OK, eu sei. Quais são as suas reinvidicações.

– Fim da opressão.

– Fim da opressão?

– Sim.

– Então as latas e as janelas são bem opressivas, pelo visto. Se interessa em explicar?

– Como ousa ser sarcástica com nós.

– Mas vocês estão atacando propriedade pú–

– Propriedade é roubo.

– Não entendi, explique-se.

– Me explicar? Claro. A propriedade é roubo porque ela se origina na usurpação dos bens que os trabalhadores produziram e que eles receberam, em troca do suor e do cansaço, um valor ínfimo.

– … Sinceramente, não faz sentido.

– Como não?!

– Quando é que ocorre um roubo? E essa roupa? Você produziu? Será mesmo que houve roubo, na parte do salário? Não seria juros?

– Roubo é quando acontece uma apropriação forçada de um bem que era de outra pessoa. Eu não pr–

– Então deve existir a propriedade anteriormente para ocorrer o ato de roubar, certo?

– Er… Creio que sim, mas…

– Então esse argumento é uma falácia, por causa do uso de um adjetivo que precisa do tema que crítica para existir.

– É mesmo? O molotov resolve esse problema?

– Como?

– Destruir para construir, baby.

– (Não aguento mais ver esse palerma.) Tudo bem, obrigado pelo seu tempo, mas… O que dá para construir com toda essa destruição?

– Sabe… Também não sei.

Uau, ainda existe jornalistas raiz?

Confusão por todo lado, conversas sem sentido, mas o ar de heroísmo purifica o ar para um amanhã mais claro. Não é mesmo, Governador?

– Sim, sim. Como dizer: uma colher de sopa com doce sempre acalma a criança. Obrigado, molotovs! Obrigado! Com tanta destruição, dá para criar mais projetos para atender os cam- quero dizer, atender o povo e os manifestos. É uma relação de brigas e desejo. E eu atendo os desejos.

Bem, agora vamos esperar que mais expressões de “pensamentos críticos” – com a nossa marca, claro – dê mais manifestações para atender o povo. Sermos útil para lucrar, aí sim!

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Apresentação

Eu sou Sinclair, um dos novos escritores do Os Cavaleiros das Cinzas. Eu sou bem crítico e sarcástico, então vai ser bem comum eu lançar contos pequenos que vem de hora em hora para mim. Espero que gostem (do meu estilo, pois do que acredito eu acho difícil).

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